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3 Livros Bombados do BookTok que Não São Tudo Isso

  • Writer: Beatriz Mendes Bento Ferreira
    Beatriz Mendes Bento Ferreira
  • Apr 17, 2024
  • 5 min read

livros do booktok

E aí, vamos falar de livro ruim?!


Como vocês puderam ver pelo título, eu não moro embaixo de uma pedra e eu vejo os livros do BookTok com uma certa frequência - leia-se todos os dias.


Apesar de compreender que muitos influencers literários são sensacionais naquilo que fazem, preciso dizer que muitos outros fazem o mercado chorar lágrimas de sangue.


Desde patrocinados com textos pavorosos, até pessoas que não leram os livros que estão revisando, existem elementos do BookTok que precisam urgentemente de uma curadoria melhor.


Hoje, gostaria de trazer uma atenção maior para os livros que BOMBARAM no TikTok, que eu li e que me surpreenderam negativamente.


Neste artigo, trago a minha opinião como alguém que estudou teoria literária por cinco anos e, também, como leitora.


Aviso que não darei spoiler sobre nenhum dos livros. Afinal… vai que você quer ler.


1. Qualquer um da Colleen Hoover.

Já vou começar dizendo que os livros dela são divertidos. Não existe problema algum em ler as obras da Hoover para se divertir em um domingo, enquanto você bebe algo gelado ou então um café. Zero problemas.


O real problema é considerar esses famosinhos do booktok inovadores, bons e teoricamente bem elaborados. Essas não são - nem de longe - qualidades destas obras.


E aqui, eu não estou falando da questão das personagens serem abusivas, ou o enredo conter violência doméstica, psicológica e afins. Afinal de contas, não é o tema - necessariamente - que faz um livro ser bom ou ruim.


A questão principal que faz os livros não serem bons é a escrita. Ela é rasa, sem profundidade de enredo e de personagens. A história de alguns livros se perde na metade e nunca se encontra, as trocas de tempos cansam em vários momentos e ela tenta ser profunda nas questões humanas, mas não é.


Eu li quatro livros da autora: Verity, It Starts with Us, Reminders of Him e Todas as Suas (Im)Perfeições - o único que li na tradução em português. Todos eles foram previsíveis e mais do mesmo dentro do gênero.


A escrita é feita para ser uma leitura rápida e fácil, com um tom de novela das oito. São livros com cenas montadas para chocar leitores menos experientes e com finais que tentam te pegar de surpresa.


Porém, se você, assim como eu, já está acostumado com clássicos da literatura e da filosofia, assim como com os livros do “Kindle Unlimited”, nenhuma das obras de Colleen Hoover será uma grande escrita. É divertido, claro, mas não é bom.


Colleen Hoover é uma escritora de entretenimento que sabe muito bem o que quer com os seus livros. Ela tem lugar no mercado literário e consegue conquistar fãs porque elabora histórias interessantes e, de certa forma, controversas.


Gostar dos livros dela é excelente. Ter um de seus livros como o seu favorito é okay. Apenas não diga que eles são bons, porque não são.


Dica: não leia apenas esse tipo de literatura. Embarque um pouco em Alice Walker, Alice Munro, Chimamanda Adichie e até mesmo Clarice Lispector.


2. Corte de Espinhos e Rosas da Sarah J. Mass


Mais um entre os livros famosinhos do booktok e eu tenho apenas uma palavra: chato.


Minha nossa senhora, esse eu nem mesmo consegui entender o porquê da galera ter achado legal.


Confesso que esse eu li achando que ia ser muito bom, porque ouvi de muita gente que o universo construído era “animal” e que as personagens eram de cair o queixo. Mas não foi o que aconteceu.


Como uma releitura de “A Bela e a Fera”, eu dou nota dó. A escrita é completamente jogada e parece que existem cenas no romance que se conectam com absolutamente nada. Além disso, não existe UM PINGO de verossimilhança.


A personagem principal parece que sabe de absolutamente tudo instantaneamente, mas sem nunca ter passado pelas situações ou ter visto algumas criaturas anteriormente. Além disso, as descrições sobre tudo e todos é infinitamente entediante.


Não me leve a mal, um dos meus livros favoritos é “O Senhor dos Anéis” e Tolkien é um mestre em descrever até o farfalhar da relva, mas… em Corte de Espinhos e Rosas a descrição chega em lugar nenhum.


Mas não para por aí. O livro é cheio de erros de continuidade. Existem cenas das personagens conversando sobre coisas que surgiram DO NADA. Sem nenhum preparo, nenhuma discussão prévia, simplesmente as personagens começam a discutir o tema.


Para finalizar, é muito claro que a personagem principal se acha a última bolacha do pacote por motivos… por zero motivos. Não tem o porquê e nem por onde, mas mesmo quando ela fala que é inferior, ela ainda se acha a mulher mais interessante. Não faz sentido.


Sério, o livro é apenas ruim. Leia por sua conta e risco.


3. A Biblioteca da Meia Noite do Matt Haig


Nesse aqui, a narrativa é previsível demais. Até Felipe Neto já falou sobre esse livro, mas aqui vai minha colaboração para a questão.


Esse é um texto que claramente foi escrito com uma intenção de “elevar as mentes e emoções dos jovens adultos”. É o tipo de ficção que quer a todo momento trazer uma mensagem de autoajuda que não convence.


Fiquei com a impressão de que já havia lido diversos livros melhores sobre o assunto e a cada dica sobre a vida, os comportamentos e o mundo, eu queria fechar o livro e nunca mais abri-lo.


Não existe nada tão superficial quanto personagens fictícias tentando ter grandes sabedorias de propósito.


Sem falar nos diálogos… nossa, estes são péssimos. As personagens falam de uma forma tão artificial, mas tão artificial, que eu me senti lendo uma ficção alienígena. Ninguém fala daquele jeito.


Como menção (des)honrosa, cito a péssima ideia, que o autor incluiu em sua obra, de que uma pessoa em depressão apenas precisa de palavras positivas e experiências catárticas para conseguir sair dessa condição. Eu não tenho nem palavras para explicar o quanto isso é irresponsável por parte dos envolvidos.


Enfim, esse daqui não pode nem ser considerado legal. É apenas uma sopa de letrinhas em que esqueceram o sal, os legumes e as letrinhas. Péssimo demais.


Seja Crítico e Não Caia Mais no Conto do Vigário


Livros legais não são sinônimos de livros bons. Esse é um aprendizado que espero que você, leitor, leve para a sua vida.


Literatura de entretenimento serve um propósito mágico: ela nos tira da realidade e nos faz entrar em mundos e ideias fantásticas sem que a gente precise fazer muito esforço.


Porém, quando apenas lemos esse tipo de literatura caímos no erro de pautar qualidade a partir dos nossos gostos e opiniões.


É por isso que os clássicos da literatura são tão importantes; não para nos divertirem - mesmo que possam ter essa característica - e sim para nos mostrar qualidade técnica.


Eu honestamente desejo que você consiga sair um pouco das leituras fáceis do Booktok e entre em mares mais turbulentos como Hemingway, Lispector, Munro e Machado.


Grande abraço,

Beatriz

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